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O maracujá BRS Gigante-Amarelo, lançado pela Embrapa Cerrados em 2008, começa a provar resultados expressivos a campo e atrai produtores
Marcos Giesteira | Fotos Anderson Schneider
Colheita de "supermaracujás" na chácara gerenciada por José Landim em Planaltina, DF
Quando o produtor rural José dos Reis Landim descarrega maracujás nos mercados de Brasília, não é incomum alguém achar que se trata de melões. A confusão é compreensível, dado o amarelo brilhante e o tamanho das peças. Enquanto o fruto convencional pesa em torno de 200 gramas, as unidades produzidas na chácara gerenciada por ele, no Núcleo Rural Pipiripau, em Planaltina, DF, podem chegar a 700 gramas. “As pessoas caem em cima. Dizem que nunca tinham visto um maracujá assim em toda a vida”, conta.
Enquanto a produtividade média nacional é de 14 toneladas por hectare, a colheita do “supermaracujá” – a cultivar BRS Gigante-Amarelo – vem atingindo de 60 a 70 toneladas (com 1.600 plantas) em áreas com clima e manejo adequados. Apesar de ainda estar em meio à primeira colheita (o plantio ocorreu em maio do ano passado e os frutos começaram a cair de maduros no final de novembro), o agricultor já contabiliza o triplo da quantidade juntada no chão em relação à cultivar convencional. “É mais comercial, mais bonito e amarelo. Tem um fruto graúdo que chamamos de ‘extra’. Arruma mais clientes, e isso faz diferença no preço. Conseguimos 25 reais pelo saco de 12 quilos, enquanto eles pagam 12 reais pelo médio”, compara.
Enquanto a produtividade média nacional é de 14 toneladas por hectare, a colheita do “supermaracujá” – a cultivar BRS Gigante-Amarelo – vem atingindo de 60 a 70 toneladas (com 1.600 plantas) em áreas com clima e manejo adequados. Apesar de ainda estar em meio à primeira colheita (o plantio ocorreu em maio do ano passado e os frutos começaram a cair de maduros no final de novembro), o agricultor já contabiliza o triplo da quantidade juntada no chão em relação à cultivar convencional. “É mais comercial, mais bonito e amarelo. Tem um fruto graúdo que chamamos de ‘extra’. Arruma mais clientes, e isso faz diferença no preço. Conseguimos 25 reais pelo saco de 12 quilos, enquanto eles pagam 12 reais pelo médio”, compara.
O gigante pode pesar até 700 gramas, ou seja, 3,5 vezes a mais que o fruto convencional
Os maracujás têm formato alongado – com a base e o ápice ligeiramente achatados – e apresentam quatro lóbulos (tetraestigma). Os outros diferenciais são coloração de polpa alaranjada – mais concentrada e com maior quantidade de vitamina C –, homogeneidade, resistência ao transporte e maior tempo de prateleira (duram cerca de dez dias). Quanto à sanidade, apresentam boa tolerância à antracnose e bacteriose, apesar de serem suscetíveis à virose, à verrugose e às doenças causadas por patógenos de solo.
Outro fator que motiva os agricultores é a precocidade da Gigante. Segundo Landim, as plantas começaram a florar em quatro meses, cerca de 90 dias antes das comuns. O pesquisador da Embrapa Cerrados Nilton Tadeu Vilela Junqueira confirma a rapidez da espécie: em seis meses ela está produzindo. O reflexo pode ser traduzido em retorno financeiro praticamente imediato. “O valor pago tem sido bom nos últimos anos, apesar das oscilações. No ano passado, as indústrias pagaram, em média, mil reais por tonelada. No mercado in natura, a mesma quantidade recebeu 1,5 mil reais”, diz.
Outro fator que motiva os agricultores é a precocidade da Gigante. Segundo Landim, as plantas começaram a florar em quatro meses, cerca de 90 dias antes das comuns. O pesquisador da Embrapa Cerrados Nilton Tadeu Vilela Junqueira confirma a rapidez da espécie: em seis meses ela está produzindo. O reflexo pode ser traduzido em retorno financeiro praticamente imediato. “O valor pago tem sido bom nos últimos anos, apesar das oscilações. No ano passado, as indústrias pagaram, em média, mil reais por tonelada. No mercado in natura, a mesma quantidade recebeu 1,5 mil reais”, diz.
José Landim é um grande colaborador da Embrapa. Ele ajuda a testar novas variedades
Junqueira faz, porém, uma advertência: maracujá não é atividade para aventureiros. De acordo com o pesquisador, trata-se de um plantio oneroso, justificado apenas com bons índices de rendimento. “Se o produtor tira 40 toneladas por hectare em um ano, consegue um lucro de 8 mil reais. Com 35 toneladas, ele empata. É preciso avaliar a viabilidade econômica do negócio antes de entrar na atividade”, alerta. É por essa razão, somada ao fato de serem frutos pesados e que caem facilmente com a ação dos ventos, que a Embrapa vem trabalhando para desenvolver uma variedade cultivada no chão – com peso entre 800 gramas e um quilo –, sem a necessidade de espaldeiras (estruturas aéreas de sustentação feitas de madeira e arame), consideradas caras e antiecológicas.
O uso da cultura como alternativa de rotação com hortaliças dentro de estufas também vem se mostrando uma tendência no Distrito Federal. Segundo o gerente da Emater de Pipiripau, Geraldo Magela Gontijo, as estruturas de proteção melhoram a qualidade dos frutos e a sanidade e aumenta o tempo de produção. “As folhas triplicam de tamanho e a cortina se fecha. No campo, a cada três anos é preciso arrancar os pés e plantar de novo. Na estufa, esse prazo é de cinco anos”, salienta. O sucesso, entretanto, não depende somente da escolha da cultivar mais produtiva, apetitosa ou resistente. Manejar é imprescindível. A aplicação do pacote tecnológico – irrigação, manejo de pragas e polinização manual na hora certa – é o básico. O restante é conhecer as características da cultura, suas exigências e recomendações. Uma planta adulta consome 30 litros de água por dia, mas o excesso de chuva é prejudicial. Isso explica porque o Nordeste é líder no cultivo e os estados do Sudeste não alcançam índices tão interessantes. “As variedades respondem bem, mas depende do manejo. Tem gente que produz 50 toneladas ao lado de gente que não consegue dez toneladas”, esclarece Gontijo. O cultivo da Gigante-Amarelo pode ser realizado em qualquer época do ano (quando irrigado) e em diferentes tipos de solo, mas há indicadores de adaptação em áreas quentes e secas preferencialmente. A única restrição é em relação a regiões sujeitas a geadas. Conforme o gerente da Emater, as cultivares da Embrapa, aliadas a outras técnicas, como a redução do espaçamento, têm aumentado muito a produtividade. Antigamente, a distância entre linhas era de três metros e cinco metros separavam as plantas. Agora, a recomendação é até dois metros para dividir as linhas e 1,5 metro de afastamento entre um maracujazeiro e outro. “A variedade é bem mais produtiva com o espaçamento e a polinização feita de flor em flor. Dá trabalho, mas aí eu pergunto: você quer produzir 12 ou 60 toneladas por hectare? A flor de maracujá só abre uma vez na vida. Se ela abrir e não for polinizada, se perdeu”, ensina.
Esse é um dos detalhes que fazem a mão de obra ser tão importante. Landim conta com seis funcionários permanentes na plantação, dos quais quatro são mulheres. E como o trabalho requer paciência e sensibilidade, nada melhor do que a delicadeza feminina. “É uma segunda família. Tem de estar sempre cuidando, observando e orientando, como se fossem nossos filhos”, afirma.
Landim é uma espécie de cobaia de testes da Embrapa. Na área gerenciada por ele – uma chácara de 20 hectares –, quatro hectares são destinados aos maracujás há três anos. Todas as cultivares desenvolvidas pela instituição, como a BRS Ouro Vermelho (proporção alta de roxos, bastante polpa e resistência) e a Sol do Cerrado (grande em tamanho, mas sem tanto rendimento), além do supermaracujá.
As novas cultivares são obtidas por meio de permanente melhoramento genético (realizado pela Embrapa desde 1996), com a seleção das matrizes em plantios comerciais de maracujá no Cerrado. No caso da Gigante-Amarelo, foram feitos diversos cruzamentos entre variedades, selecionadas e clonadas as melhores plantas, até serem obtidos os materiais ideais, ou seja, frutos grandes, com polpa colorida, sabor agradável e tolerância moderada a doenças. “Foram usadas nesses cruzamentos espécies silvestres, hoje praticamente extintas na natureza, como maracujá-roxinho, maracujá-moranga, entre outras que não podem mais ser encontradas no meio ambiente, mas que estão conservadas nos Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) da Embrapa, no IAC, em universidades e coleções de particulares”, tranquiliza Junqueira.
O mesmo processo está sendo usado para obter outras cultivares, que estão em fase de pós-melhoramento. Entre elas, uma de casca roxa para a indústria e outra com com quantidades maiores de vitamina C e carotenoides (pigmentação vermelha). A entidade de pesquisa também pretende lançar um material tolerante ao vírus do endurecimento do fruto, principalmente para São Paulo, dentro de cinco anos.
O uso da cultura como alternativa de rotação com hortaliças dentro de estufas também vem se mostrando uma tendência no Distrito Federal. Segundo o gerente da Emater de Pipiripau, Geraldo Magela Gontijo, as estruturas de proteção melhoram a qualidade dos frutos e a sanidade e aumenta o tempo de produção. “As folhas triplicam de tamanho e a cortina se fecha. No campo, a cada três anos é preciso arrancar os pés e plantar de novo. Na estufa, esse prazo é de cinco anos”, salienta. O sucesso, entretanto, não depende somente da escolha da cultivar mais produtiva, apetitosa ou resistente. Manejar é imprescindível. A aplicação do pacote tecnológico – irrigação, manejo de pragas e polinização manual na hora certa – é o básico. O restante é conhecer as características da cultura, suas exigências e recomendações. Uma planta adulta consome 30 litros de água por dia, mas o excesso de chuva é prejudicial. Isso explica porque o Nordeste é líder no cultivo e os estados do Sudeste não alcançam índices tão interessantes. “As variedades respondem bem, mas depende do manejo. Tem gente que produz 50 toneladas ao lado de gente que não consegue dez toneladas”, esclarece Gontijo. O cultivo da Gigante-Amarelo pode ser realizado em qualquer época do ano (quando irrigado) e em diferentes tipos de solo, mas há indicadores de adaptação em áreas quentes e secas preferencialmente. A única restrição é em relação a regiões sujeitas a geadas. Conforme o gerente da Emater, as cultivares da Embrapa, aliadas a outras técnicas, como a redução do espaçamento, têm aumentado muito a produtividade. Antigamente, a distância entre linhas era de três metros e cinco metros separavam as plantas. Agora, a recomendação é até dois metros para dividir as linhas e 1,5 metro de afastamento entre um maracujazeiro e outro. “A variedade é bem mais produtiva com o espaçamento e a polinização feita de flor em flor. Dá trabalho, mas aí eu pergunto: você quer produzir 12 ou 60 toneladas por hectare? A flor de maracujá só abre uma vez na vida. Se ela abrir e não for polinizada, se perdeu”, ensina.
Esse é um dos detalhes que fazem a mão de obra ser tão importante. Landim conta com seis funcionários permanentes na plantação, dos quais quatro são mulheres. E como o trabalho requer paciência e sensibilidade, nada melhor do que a delicadeza feminina. “É uma segunda família. Tem de estar sempre cuidando, observando e orientando, como se fossem nossos filhos”, afirma.
Landim é uma espécie de cobaia de testes da Embrapa. Na área gerenciada por ele – uma chácara de 20 hectares –, quatro hectares são destinados aos maracujás há três anos. Todas as cultivares desenvolvidas pela instituição, como a BRS Ouro Vermelho (proporção alta de roxos, bastante polpa e resistência) e a Sol do Cerrado (grande em tamanho, mas sem tanto rendimento), além do supermaracujá.
As novas cultivares são obtidas por meio de permanente melhoramento genético (realizado pela Embrapa desde 1996), com a seleção das matrizes em plantios comerciais de maracujá no Cerrado. No caso da Gigante-Amarelo, foram feitos diversos cruzamentos entre variedades, selecionadas e clonadas as melhores plantas, até serem obtidos os materiais ideais, ou seja, frutos grandes, com polpa colorida, sabor agradável e tolerância moderada a doenças. “Foram usadas nesses cruzamentos espécies silvestres, hoje praticamente extintas na natureza, como maracujá-roxinho, maracujá-moranga, entre outras que não podem mais ser encontradas no meio ambiente, mas que estão conservadas nos Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) da Embrapa, no IAC, em universidades e coleções de particulares”, tranquiliza Junqueira.
O mesmo processo está sendo usado para obter outras cultivares, que estão em fase de pós-melhoramento. Entre elas, uma de casca roxa para a indústria e outra com com quantidades maiores de vitamina C e carotenoides (pigmentação vermelha). A entidade de pesquisa também pretende lançar um material tolerante ao vírus do endurecimento do fruto, principalmente para São Paulo, dentro de cinco anos.
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