quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Mudas Maracujá Azedo Gigante Amarelo.
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Na primeira colheita de uma nova espécie de maracujá, Lúcio da Silva, agricultor goiano do município de Sítio d’Abadia, teve uma surpresa. Ele não esperava que as frutas viessem grandes como melões, com peso de até 650 gramas. As sementes utilizadas foram desenvolvidas pela Embrapa Cerrado, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Planaltina (DF). Por meio de uma técnica de melhoramento genético, diferentes espécies de maracujá foram cruzadas para dar origem a uma fruta híbrida. A “superfruta” de Silva foi resultado do uso dessas sementes e dos cuidados do agricultor na plantação.
DivulgaçãoAgricultor se surpreende com o tamanho das frutasA produção conseguida pelo agricultor goiano teve alto rendimento de polpa, tamanho de fruta elevado e boa resistência às doenças, graças ao uso das sementes modificadas e do manejo adequado, o que inclui a correção dos nutrientes no solo, irrigação, controle sanitário, podas, adubações, entre outras práticas.
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Com estudos há vinte anos sobre os maracujás híbridos, a Embrapa pesquisa modificações genéticas para aumentar a produtividade, resistência às doenças e a quantidade de polpa. Nesse processo são combinados diferentes tipos de frutas e produzidas sementes, depois plantadas para que se faça a seleção das melhores espécies para outra recombinação. “Tivemos cinco plantas matrizes e mais de 200 tipos de maracujás cruzados”, diz Fábio Faleiro, pesquisador e geneticista da Embrapa Cerrado. “É um processo muito longo até a obtenção de uma fruta altamente vantajosa”.
DivulgaçãoPlantação da "superfruta" em GoiásVantagens numerosas
Três novos maracujás híbridos foram obtidos por meio das pesquisas e já são plantados em fase experimental desde 2008. Neste ano, com os primeiros resultados concluídos, os pesquisadores identificaram que as frutas geneticamente modificadas, BRS Gigante Amarelo, BRS Sol do Cerrado e BRS Ouro Vermelho, apresentam diversas vantagens quando comparadas às tradicionais.
Pode ser observada alta produtividade, registrando colheitas superiores a 50 toneladas anuais por hectare - a média das convenmcionais é de 14 toneladas -, resistência a diversas espécies de fungos, bactérias e vírus e ausência de alteração nos valores nutricionais das frutas. O peso médio da versão melhorada geneticamente fica entre 120 e 350 gramas - o tradicional tem média de 100 a 160 gramas. Além disso, o novo maracujá tem cerca de 15% a mais de vitamina C e 40% a mais de polpa.
DivulgaçãoMaracujás híbridos ainda não predominam no mercadoUm mercado ainda pequeno
Mais de 40 quilos de sementes de maracujá híbridos já foram comercializados. A aquisição do produto é feita por meio de reservas na Embrapa, e cada saco com 25 gramas custa R$ 90. A presença dos híbridos no mercado, contudo, ainda não é representativa.
“Apesar da pequena participação, eles serão uma tendência”, diz Nobuyoshi Narita, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). “Os consumidores querem frutos grandes e bonitos. Além disso, as variedades disponíveis no comércio têm um rendimento de polpa muito baixo, algo diferente do que ocorre nos híbridos”.
Para estimular o consumo e atender às crescentes demandas dos agricultores, a Embrapa planeja aprimorar ainda mais as novas espécies. “Estamos trabalhando na criação de uma polpa mais alaranjada, rica em vitaminas e produtiva. Também queremos estudar outros possíveis usos comerciais da fruta, como o ornamental, doce e medicinal”, diz o geneticista.
O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de maracujá. Em 2008, segundo os dados mais recentes compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção foi de 684,3 mil toneladas, volume 3% maior que o do ano anterior.
O Nordeste é responsável por 68% da produção nacional da fruta, com área de cultivo de 33 mil hectares. A cultura do maracujazeiro ocorre principalmente em pequenas propriedades e com mão-de-obra eminentemente familiar. O maracujá gigante, assim, é uma alternativa de renda para pequenos produtores, segundo o pesquisador Faleiro.
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